Lidando com Crises

Umuofia era a mais poderosa dentre as nove aldeias, uma terra de guerreiros nigerianos inconquistáveis. Seus cidadãos não se preocuparam quando ingleses atacaram uma aldeia vizinha, eles tinham fé em sua própria força.

O primeiro contato dos europeus com os umuofianos foi pacifico, eles chegaram apresentando o cristianismo e pedindo um lugar para construir uma igreja. Os chefes do clã acharam tudo aquilo uma bobagem, por isso cederam um pedaço de terra improdutiva aos forasteiros.

Pouco tempo depois, vários jovens tinham se convertido à religião do homem branco, rejeitando a cultura de seus ancestrais. Quando os líderes tribais perceberam o problema, era tarde demais, o mundo deles já havia se despedaçado.

A maioria dos riscos estão fora de nossas vistas.

Toda grande crise é assim, nós só nos damos conta dela quando já não podemos fazer nada para impedia-la. Prever o futuro é impossível, mas será que podemos proteger nossos negócios das ameaças que os cercam? Continue lendo para saber!

Vivendo num mundo imprevisível

Quando analisamos a história da destruição das tribos do Baixo Níger, narrada brilhantemente pelo romancista Chinua Achebe, tudo parece muito claro e organizado. Os colonizadores desmereceram a espiritualidade local para instaurar seu próprio sistema de crenças, isso provocou uma divisão interna e deixou o povo da Nigéria vulnerável a dominação.

Para nós a estratégia de "dividir e conquistar” está explicita, mas se coloque no lugar dos nativos, você acha que eles tinham como prever um golpe contra o culto aos egunguns? Dificilmente, os anciões estavam sendo bombardeados por diversos dados do ambiente e o mais provável é que estivessem preocupados em se proteger de um ataque físico, que era a possibilidade mais óbvia.

As informações são numerosas e complexas, nossa capacidade de dar atenção a elas é limitada. Por mais inteligente e "antenada" que uma pessoa seja, ela não pode saber de tudo.

Estamos rodeados pelo caos e imprevisibilidade, independentemente do número de suposições estatísticas que façamos, o universo sempre vai nos surpreender, até porque só podemos considerar variáveis que já conhecemos.

Terceto da Opacidade

O probabilista Nassim Nicholas Taleb, se dedicou a estudar eventos raros, de impacto extremo e que são massivamente explicados posteriormente. Em sua obra, esse autor apresenta três problemas que nos impedem de aprender com crises passadas:
  • A ilusão da compreensão;
  • A distorção retrospectiva;
  • A supervalorização de informações sem base.
As pessoas gostam de acreditar que sabem o que está acontecendo, elas tratam o mundo como se ele fosse mais simples e previsível do que realmente é. Depois de uma grande tragédia sempre aparece algum "biduzão", apresentando um argumento que teria evitado o ocorrido, mas será que ele teria pensado nisso antes do evento trágico?

A verdade é que só conseguimos abordar um assunto depois de ter contato com os fatos. A história deixa rastros, que nos permitem desenvolver explicações convincentes, mas nunca completas, sobre como tudo aconteceu.

A informação chega até nós polarizada, o que diminui sua complexidade real. Selecionar apenas noticias, estudos e opiniões que corroborem com nossos posicionamentos, achando que isso nos dará uma maior autoridade sobre determinados temas, é um erro que nos mantém cegos a aleatoriedade que rege o universo.

Nossa percepção de risco se limita ao nosso ponto de vista, por isso estamos a mercê dos perigos habitando o desconhecido. A questão é: como lidar com essa limitação?

Otimismo, a camuflagem das crises

A mão que alimenta o peru é a mesma que torce o pescoço dele. A pobre ave não considera estar sendo engordada para o abate, ela só consegue ver a comida fácil chegando e não faz ideia de quais são os planos de quem a está alimentando.

Nós procuramos ser otimistas e esperamos sempre pelo melhor, porque isso nos faz sentir bem. O problema é que "boas vibrações", ousadia e subestimar o improvável não nos deixa imunes as ameaças.

Algumas tragédias podem ser impedidas, outras simplesmente vão acontecer. Diante dessa dura realidade, um empreendedor pode adotar quatro medidas (4Ts) em relação aos riscos percebidos:
  1. Terminar - evite o risco;
  2. Transferir - contrate um seguro;
  3. Tratar - diminua o impacto do evento;
  4. Tolerar - aceita que dói menos.
É necessário abraçar o realismo, não é possível empreender sem se arriscar. Mais cedo ou mais tarde, toda empresa é afligida por algum acontecimento negativo.

O melhor que podemos fazer é nos dispor a imaginar cenários ruins, tanto os muito prováveis quanto os ridiculamente improváveis. Esse exercício criativo servirá ao menos para reduzir o baque que é ser atingido por uma crise inesperada.

Idealizando cenários pessimistas.

E aí, sua empresa já foi atingida por alguma crise? Como fez para contornar a situação? Comente a experiência aqui e aproveite para seguir nossa página no LINKEDIN, isso deixará o conteúdo visível para mais afroempreendedores.

Ubuntu!

Comentários

Postagens mais visitadas